segunda-feira, 25 de maio de 2015


Greta Garbo em "Rainha Cristina", de Rouben Mamoulian.

Ando treinada para detetar o anacronismo e fugir dele, e fiquei ainda mais pasmada perante um filme como “Rainha Cristina”, de Rouben Mamoulian, protagonizado por Greta Garbo. O filme é de 1933. Verifiquei e voltei a confirmar, como se o preto e branco não fosse suficiente. Como se Garbo não fosse suficiente. A modernidade do filme é esmagadora. Nem me refiro ao beijo na boca que a Rainha dá à sua aia, um piscar de olho que se podia ficar pelo subtexto, pela alusão, mas sobretudo à representação da mulher. Mesmo hoje a representação no Cinema de tal força, independência e inteligência numa mulher é rara, demasiado rara. “Rainha Cristina” inquieta-nos a todas. Não é só por constatarmos a persistência de determinadas representações das mulheres, este filme avisa-nos a não subestimar o passado. Não só o passado onde se encontra a rainha sueca, a que existiu efetivamente, abdicando do trono em 1654, mas o facto de em 1933 ter sido possível a um grande estúdio fazer aquele filme. Em 1933 mulheres de todo o mundo viram aquela mulher. Que a vejam hoje, outra vez e outra vez. 

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